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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Publicação resumo tese de Mestrado....

Bepa, volume 9 nº 99, março de 2012

Avaliação da adesão às normas de biossegurança com ênfase aos riscos biológicos pelos técnicos de prótese dentária no Município de São Paulo

Yara Yatiyo Yassuda, Angela Maria Aly Cecílio, Nilton José Fernandes Cavalcante  

Instituto de Infectologia Emílio Ribas. São Paulo, SP, 2007 [Dissertação de Mestrado – Área de Concentração: Infectologia em Saúde Pública – Programa de Pós-graduação em Ciências; Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo]





RESUMO


O risco de infecção no laboratório de prótese dentária é parcialmente conhecido. O objetivo do estudo foi verificar se os TPDs, no município de São Paulo, estão aplicando as normas de biossegurança quanto ao uso de EPI, desinfecção e esterilização de materiais, situação vacinal e percepção de risco de aquisição ocupacional de doenças infecciosas. O estudo foi prospectivo, quantitativo e observacional, realizado em seis laboratórios de prótese dentária localizados no Município de São Paulo, sendo cinco privados e um público. Os dados foram obtidos através de entrevista individual e observação da rotina de trabalho dos técnicos de prótese dentária. A casuística foi composta de 60 profissionais. O nível de aderência ao uso de EPI (máscara, óculos, luvas, avental) variou de acordo com a atividade desenvolvida, sendo o avental de tecido o EPI mais utilizado. Os técnicos de prótese dental apresentaram baixas taxas referidas de vacinação. Dezenove (30% do total) TPD completaram as três doses do esquema de imunização, mas sem controle sorológico pós-vacinal. A realização de exames médicos periódicos não contribuiu para maior adesão à vacina contra hepatite B. O grupo que referiu ocorrência de mais acidentes ocupacionais não faz exames médicos. Quem apresentou maior percepção ao risco de contaminação e relatou mais acidentes ocupacionais completou o esquema de vacinação contra hepatite B. Cinqüenta e dois (86,6%) TPD referiram que viram moldagens com sangue e restos alimentares. Mesmo assim, a percepção do risco de aquisição de doenças é baixa, trinta e cinco (58,3%) TPD. As medidas adotadas para limpeza e desinfecção dependem do tipo de material do trabalho de prótese, tipo de instrumental e equipamento. O fluxo de limpeza e desinfecção dos trabalhos de prótese, moldagens, instrumentos e equipamentos foi variável, estando esporadicamente em conformidade com as recomendações do Manual de Condutas em Tempo de Aids, Ministério da Saúde 2000.

Evaluation of adherence to biosafety standards with emphasis on biological hazards by dental technicians in São Paulo

Yara Yatiyo Yassuda, Angela Maria Aly Cecílio, Nilton José Fernandes Cavalcante

Instituto de Infectologia Emílio Ribas. São Paulo, SP, 2007 [Dissertação de Mestrado – Área de Concentração: Infectologia em Saúde Pública – Programa de Pós-graduação em Ciências; Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo]

ABSTRACT

The infection risk for the dental prosthetics lab personnel is partly known.The purpose of this study consisted in assessing whether the dental laboratory technicians in the city of São Paulo are adopting the biological safety standards regarding the use of PPE, disinfection and sterilization of materials, immunization status, and risk perception of occupational diseases. This was a prospective, quantitative and observational study conducted at six dental laboratories located in the city of São Paulo, five of which were privately-owned, and one public. Data were collected in individual interviews and from the observation of the work procedures followed by the technicians at the dental labs. The cases studied encompassed 60 professionals. Compliance with the standards on the use of PPE (mask, glasses, gloves, aprons) varied according to the task performed. The fabric apron was the most frequently worn PPE. The immunization rate among the dental lab technicians was low. Nineteen of them (30% of the total group) had taken the three doses of the full immunization regimen, although no post-vaccination serology test had been made. Regular medical examinations were not a contributing factor to the adherence to vaccination against hepatitis B. The group that reported the highest number of occupational accidents does not undergo medical examinations. The technicians who showed the highest level of risk perception of contamination and reported more occupational accidents had completed the vaccination regimen against hepatitis B. Fifty-two (86.6%) dental lab technicians reported having seen models with blood and food residues. Even so, the risk perception of acquired occupational diseases is low, being present in 35 (86.6%) of the technicians. The measures adopted for cleaning and disinfection are taken according to the type of material, instruments and equipment used in the dental prosthetics. The cleaning and disinfection workflow for dental prosthetics, models, instruments and equipment was variable, having occasionally conformed to the recommendations set forth in the Manual de Condutas em Tempo de AIDS [Manual of Procedures in Times of AIDS], released by the Ministry of Health in the year 2000.




Importantes doenças para notificação....

BECVE, volume 2 nº 7, 10 de abril de 2012 << volta


DOENÇAS E AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO

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Tabela 1 - Casos e Surtos confirmados de doenças e agravos notificados ao CVE, Estado de São Paulo, de 2007 a 2010 e acumulados até a SE 50 em 2011*, com destaque para a semana finalizada em 24 de dezembro de 2011* (SE 51)*

Doenças/Agravos - Casos Confirmados
2007-2010
2011*
Acum. SE01-SE50
SE51
Botulismo
12
0
0
Caxumba [Parotidite Epidêmica] Sem Complicações (Surtos)
1.636
39
0
Caxumba [Parotidite Epidêmica] Sem Complicações (Casos envolvidos em Surtos)
8003
164
0
Cólera
0
1††
0
Conjuntivite
549.418
1071435
3373
Coqueluche
750
828
45
Dengue (Casos Autóctones e Importados)
317.904
97621
135
Diarréia (Casos monitorados pela MDDA)**
2.879.475
913116
13292
Diarréia (Surtos)
2001
488
4
Diarréia (Casos envolvidos em Surtos)
37.753
9617
17
Doença de Creutzfeldt-Jacob e Outras Doenças Priônicas
27
5
1
Esquistossomose (Casos Autóctones)
607
74***
0
Esquistossomose (Total de Casos)
5.317
1026
13
Febre Maculosa / Rickettsioses
200
78
0
Febre Tifóide
36
4
0
Hantavirose
78
21
0
Hepatite A(Surtos)
131
16
1
Hepatite A (Casos envolvidos em Surtos)
819
54
3
Hepatite A (Casos esporádicos)
1.116
175
0
Hepatites B
13.807
2.915
...
Hepatites C
25.077
3.986
...
Hepatite B + C (co-morbidade)
688
95
...
SRAGH/Influenza Humana A (H1N1)†
12.091
22
1
Leishmaniose Tegumentar Americana
1.724
281
3
Leishmaniose Visceral
1.107
175
5
Leptospirose
3.130
921
9
Doença Meningocócica
5.130
1.295
27
Outras Meningites Bacterianas
7.516
1652
31
Meningites Virais
21.175
4057
66
Outras Meningites
4.378
788
13
Paralisia Flácida Aguda (em < 15 anos)
347
88
2
Poliomielite (poliovírus selvagem)
0
0
0
Rotavírus (em < 5 anos)§
294
151
1
Rubéola
2.373
0
0
Sarampo
0
26
1
Síndrome da Rubéola Congênita
23
0
0
Síndrome Hemolítico-Urêmica
5
2
0
Tétano Acidental
88***
26
0
Tracoma
9.071
1.732
28
Varicela (Surtos)
10.446
2.695
5
Varicela (Casos envolvidos em Surtos)
78.933
16966
5
Violência Doméstica, Sexual e/ou Outras Violências (excluídas as urbanas)
49.735
23.844
...

Fonte: SINAN Net (com correções)

Notas:

(*) 2011 - dados provisórios
(**) Fonte: SIVEP_DDA/SVS/DATASUS
(***) alteração nos dados por identificação de duplicidade
(†) Fonte: SINAN Web (com correções) – SRAGH: Síndrome Respiratória Aguda Grave Hospitalizado – dados a partir de abril/2009
(††) Caso importado

(§)
Fonte: Vigilância Sentinela do Rotavírus e SINAN Net (com correções)
( ¶)
Fonte: Inquérito de Tracoma/SINAN Net
(...) = dados não disponíveis, devido às diferentes periodicidades para encerramento dos casos.
Acum. – casos acumulados

SE – Semana Epidemiológica

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quinta-feira, 29 de março de 2012

Humanos são responsáveis pela maioria das bactérias em ambientes fechados...



29 de março de 2012 | 9h 40

Um novo estudo divulgado por engenheiros da Universidade de Yale indica que a simples presença de uma pessoa em uma sala pode levar 37 milhões de bactérias ao do local a cada hora - o que se acumula com os microrganismos já deixados por outros ocupantes anteriormente, de acordo com a pesquisa, publicada no site Indoor Air.

Reuters

Quantidade de bactérias no ar não representa riscos, mas é importante para avaliar qualidade do ar "Vivemos em uma sopa de micróbios, e um grande ingrediente são nossos próprios microrganismos", diz Jordan Peccia, professor de engenharia ambiental em Yale e principal figura por trás do estudo. "A maioria das pessoas reprojeta no ar o que foi depositado no ambiente antes. A poeira que se acumula no chão é a maior fonte de bactérias que respiramos", continua.Estudos anteriores catalogaram a variedade de germes presentes no locais frequentados no dia-a-dia. Mas este é o primeiro que quantifica o efeito que a presença de um ser humano tem sobre o ar de algum local fechado.Peccia e sua equipe mediram e analisaram partículas biológicas em uma sala da universidade por um período de oito dias - quatro com o ambiente periodicamente ocupado, quatro com ele vazio. Portas e janelas foram sempre mantidas fechadas e os sistemas de ar condicionado e ventilação estavam operando a níveis normais.Após separar as partículas por tamanho, os pesquisadores descobriram que "a presença humana foi associada com o aumento substancial da concentração" de bactérias e fungos no ar. Partículas médias ou grandes registraram um aumento ainda maior, o que é um dado importante, já que o tamanho afeta a possibilidade da partícula ser filtrada pelo aparelho respiratório. "O tamanho é a principal variável", diz Peccia.De acordo com os pesquisadores, 18% de todas as emissões na sala - incluindo as recém expelidas e as depositadas anteriormente - foram provenientes dos humanos, em comparação às vindas de plantas e outras fontes. Dos 15 tipos mais abundantes detectados, quatro são diretamente ligadas ao homem, inclusive a mais comum, Propionibacterineae, encontrada na pele.Os números, porém, não representam riscos à saúde, de acordo com Peccia, já que menos de 0,1% das bactérias presentes em ambientes fechados são infecciosas. Mas compreender o que o ar de ambientes fechados carrega é importante para o desenvolvimento de novas técnicas para melhorar a qualidade do ar, completa.
                                                                                                                    Fonte:J.OEstado de São Paulo


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Norma para limpeza roupa hospitalar...atenção é obrigatória


Limpeza de material hospitalar ganha regra

Anvisa publica norma para higienização de lençóis, aventais e outros tecidos

LÍGIA FORMENTI / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Depois de quatro anos de discussão, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou resolução que estabelece regras para limpeza de lençóis, aventais e outras roupas usadas em hospitais e serviços de saúde. Até agora, as unidades não eram obrigadas a seguir nenhum tipo de procedimento específico. Estava em uso apenas um manual de instruções, editado pela própria agência, cujo cumprimento não era obrigatório.
"Vigilâncias sanitárias locais podiam autuar as unidades, caso considerassem que a limpeza colocava em risco a saúde do paciente. Mas agora, com regras específicas, isso fica mais fácil", afirmou a gerente de regulação e controle sanitário da Anvisa, Maria Angela da Paz.
A resolução também obriga as empresas a terem controle de todas as etapas: o transporte de roupas sujas e limpas e forma de processamento terão de ser documentados.
As regras são publicadas pouco mais de três meses depois de tecidos com carimbos de hospitais brasileiros terem sido identificados em bolsos de forros de calças vendidos no Nordeste do País.
A norma permite que a higienização das peças possa ser feita tanto por hospital quanto por empresas terceirizadas. Para execução do serviço, porém, a empresa terá de ter licença emitida pela vigilância sanitária local.
A gerente da Anvisa afirma não haver registros de surtos de infecção hospitalar associados ao uso de roupas higienizadas de forma inadequada. "O risco de uma contaminação é muito pequeno, mas cuidados têm de ser adotados."
Norma- Entre as determinações descritas pela resolução está o uso de lavadoras especiais, com duas portas: uma para entrada de roupa suja e outra, para retirada da roupa limpa. "A regra determina que a área do material usado seja separado fisicamente daquele que já foi higienizado. Algo que até hoje algumas unidades não respeitam", disse Maria Angela. De acordo com ela, há serviços que usam ainda lavadoras domésticas. "Uma prática totalmente inadequada", constata a gerente da Anvisa.
Para que a limpeza seja correta, afirma, é preciso garantir uma temperatura específica da água, tempo de trabalho da lavadora e uso de saneantes adequados, completa.
A resolução, publicada ontem no Diário Oficial, entra em vigor dentro de 180 dias. Somente depois de passado este prazo unidades que não respeitarem as regras poderão ser multadas.
Orientação. A norma torna obrigatória também a capacitação de profissionais que participam do processo de limpeza do material e proíbe a reutilização de roupas descartáveis. A gerente da Anvisa afirma ser comum uma norma permanecer em discussão por um longo período, como ocorreu com essa resolução. "Se não há urgência, há todo um debate a ser realizado", disse. A norma foi colocada em consulta pública em 2009.




domingo, 29 de janeiro de 2012

Alerta aos Radiologistas.....

A  transmissão  de  doenças  infecciosas  é  possível  em  radiologia  odontológica  por  decorrência  da  contaminação  dos equipamentos radiográficos e do material para tomada e processamento das radiografias intrabucais que, a todo momento, podem  contaminar  as mãos  do operador  e  os  locais  por  ele  tocados.  A  presente  pesquisa  teve  por  objetivo  verificar  a contaminação nas áreas de maior contato entre operadores e  equipamentos radiográficos (que foram subdivididos em locais suspeitos de maior contaminação) utilizados nas clínicas do Departamento de Odontologia da UNITAU. Trezentos e vinte ecinco  amostras  de  locais  diferentes  de  dezessete equipamentos  foram  coletadas  após  procedimentos  rotineiros  de atendimento a pacientes na clínica, utilizando placas Rodac e de Petri com os meios de cultura ágar Sabouraud Dextrose com cloranfenicol, Mitis Salivarius Bacitracina sacarose, ágar Mac Conkey, ágar salgado e ágar sangue, com o objetivo de identificar  diferentes  microrganismos.  Os  resultados  comprovaram  que  os  equipamentos  radiográficos são  igualmente contaminados,  apresentando  índices  de  50%,  em média,  de contaminação  microbiológica,  e  que  a  contaminação  foi
diferente entre  os  grupos  de microrganismos. O maior índice  de contaminação foi  por  Staphylococcus (50%),  o menor índice por Bacilos Gram negativos (6%). Leveduras do gênero Candida e  Estreptococos do grupo mutans apresentaram contaminações equivalentes (30%).
PALAVRAS CHAVE: infecção cruzada, radiologia odontológica, contaminação....

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Alerta aos Profissionais de Saude





Casos de Aids entre idosos dobram em dez anos

RODRIGO MESQUITA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Maria Luísa¹, 78, conta que pegou o vírus da Aids com seu segundo marido - que se tornou soropositivo, segundo ela, durante um caso com outra mulher. Maciel¹, 68, diz que contraiu a doença durante uma relação sexual desprotegida, segundo o próprio.

Os dois fazem parte de uma população que, segundo dados do Ministério da Saúde, está crescendo rapidamente: a de pessoas com mais de 50 anos diagnosticadas com o vírus HIV. Em 2000, 8,64% dos diagnósticos de HIV foram de pessoas nessa faixa etária; em 2010 (até 30 de junho), a fatia chegou a 17,23%.

Para o médico Jean Carlo Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, localizado em São Paulo, existem várias possibilidades para explicar o aumento da doença entre os novos velhos. Uma delas seria o fato de a doença ser associada à juventude. "As campanhas publicitárias usam personagens jovens, linguajar jovem, o que faz com que esse público se identifique como um grupo de risco, enquanto os mais velhos se sentem menos vulneráveis." Maciel concorda: "Descuidando, a gente acaba se distraindo e não se prevenindo".

Para Eliana Bataggia Gutierrez, diretora da Casa da Aids da USP, outro motivo responsável pelo aumento de novos velhos com Aids é o crescimento dos diagnósticos tardios. "Provavelmente, uma parte dessas pessoas já tinha a doença e não sabia." Ela também cita o sucesso dos coquetéis de remédios como um motivo, fazendo com que os pacientes em tratamento ultrapassem os 50 anos de idade.

Na instituição dirigida por ela, que abriga 210 pacientes (sendo 7% com mais de 60 anos), as pessoas estão em tratamento há 14 anos, em média. "A maior parte dos nossos pacientes começou a se tratar há dez, quinze anos, quando não havia remédios muito bons."

Tanto Maria Luísa quanto Maciel estão em tratamento há mais de dez anos. "Eu comecei o tratamento na mesma semana do diagnóstico e posso dizer que hoje não estou doente", diz ela, sorrindo. Eles contam que as únicas pessoas que sabem de suas condições são os familiares. "Dos meus amigos, 99% não sabem da minha situação, eu a omito. Se eles não perguntam, eu não vou ficar expondo (a doença) sem haver necessidade", conta Maciel.

Para Gorinchteyn, os novos velhos sofrem duplo preconceito: contra a doença e contra a idade. "Existem até casos de abandono de pacientes, mas estes estão vinculados, principalmente, ao tipo de relação familiar que existia antes da doença."

CUIDADOS

Para os médicos, o tratamento de pessoas acima dos 50 anos, requer cuidados maiores do que em outras faixas etárias.

"O tratamento é realizado com três drogas ou mais, combinadas ou não, que geralmente estão associadas a uma série de efeitos colaterais. E o indivíduo pode ter problemas que foram agravados pela idade, pela Aids ou por outras medicações", explica Gutierrez.

Gorinchteyn acrescenta que certas doenças, como pressão alta, problemas de colesterol e diabetes - as chamadas comorbidades - podem ser agravadas pelo tratamento. Por isso, o tratamento deve envolver as drogas que apresentarem os menores riscos para os pacientes.

Outro problema é o tempo entre a contaminação e a detecção da doença -segundo Gorinchteyn, o intervalo médio entre os pacientes em geral varia entre cinco e dez anos. Gutierrez completa dizendo que uma parte significativa dos pacientes só descobre que tem Aids quando tem a primeira doença oportunista.

É o caso do sarcoma de Kaposi (um tipo de tumor que ataca a pele e órgãos como o pulmão), da tuberculose e da pneumonia. "Na Casa da Aids, a taxa [de pacientes que descobrem a Aids através de doenças oportunistas] é superior a um terço dos casos."

Para Maria Luísa, enquanto a tão sonhada cura não é anunciada, o futuro reserva uma tarefa muito simples: viver. "Eu não tenho medo da morte, mas gosto de viver. E acho que vou sentir saudades do meu povo quando me for."

¹Os nomes foram trocados para preservar a identidade dos pacientes


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Aumento da AIDS na A.Latina

Contaminação da Aids aumenta por falta de prevenção na América Latina

Segundo Unaids, nº de mortos diminuiu por conta do maior acesso ao tratamento antirretroviral, porém não há tanto investimento nas campanhas para prevenir a disseminação da doença

Para cada pessoa em tratamento temos duas novas infecções. Assim nunca acabaremos com a doença. Claro que é preciso evitar as mortes, mas mais importante ainda é prevenir o contágio", disse nesta quinta-feira à Agência Efe o diretor regional para a América Latina da Unaids, César Núñez.

Dois terços do investimento para combater a epidemia na América Latina são destinados ao tratamento, e o restante à prevenção.

"Além disso, esses programas se dedicam quase que exclusivamente à população mais afetada: homossexuais, prostitutas e usuários de drogas", indicou Núñez.

Para ele, os programas de prevenção deveriam ser mais amplos e abranger todas as pessoas, principalmente os mais jovens, que parecem ter perdido o medo da Aids.

"Segundo a Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal), 25% dos partos na América Latina são de menores de 17 anos, o que significa que os jovens fazem sexo sem proteção. Embora seja um dado indireto, nos mostra que eles são passíveis de contaminação. É óbvio que falta informação e educação sexual", explicou.

Estima-se que a cada ano ocorram na região 100 mil novas infecções, e o número de pessoas com o vírus do HIV aumentou de 1,3 milhão em 2001 para 1,5 milhão em 2010.

Desse total, 36% são do sexo feminino, um número que aumentou dramaticamente nos últimos dez anos, já que em 2001 para cada dez homens infectados havia uma mulher.

Uma das razões que explicam esse crescimento da contaminação entre as mulheres é que elas são contaminadas por seus maridos ou parceiros que tiveram relações não seguras com prostitutas, ou em muitos casos, com outros homens,

O principal foco de transmissão na região são os homens que mantêm relações com outros homens sem proteção.

"Na América Latina, o estigma contra os homossexuais permanece. Por isso a prática continua sendo escondida em muitos lugares, e esses homens contaminam suas esposas ou parceiras".

O Panamá e a Nicarágua foram os últimos países latino-americanos a abolirem leis homofóbicas, em 2008. "Mas o estigma social continua, por isso é preciso fazer campanhas que combatam a discriminação, o que ajudará na luta contra a doença", especificou Núñez.

De acordo com os dados disponíveis, entre 3% e 20% dos homens latino-americanos têm relações sexuais com outros homens ao longo de sua vida.

Dependendo do país, entre 32% e 78% dos homens que fazem sexo com outros homens também mantêm relações com mulheres, e entre 1,7% e 41% são casados.

Atualmente, 64% da população infectada têm acesso a tratamento, algo que precisa melhorar, já que em muitos casos "chega tarde demais, quando a doença já se desenvolveu".

Núñez destacou um problema que, apesar de estar melhorando, ainda persiste: a falta de planejamento, que gerou a ausência de remédios em países que inclusive são produtores de genéricos, como o Brasil.