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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Dengue x Plano de imunização

País cria plano de imunização contra dengue

18 de outubro de 2011

Ministério da Saúde começa a traçar neste mês uma estratégia nacional de vacinação contra a dengue. A iniciativa antecede em pelo menos dois anos o lançamento da vacina, que está em fase final de testes e deverá ser produzida em larga escala a partir de 2014. O plano passará a ser delineado a partir de uma reunião no próximo dia 26, com a presença de autoridades ministeriais e representantes de todas as instituições que vêm desenvolvendo pesquisas sobre alternativas de imunização contra a doença.
O planejamento da vacinação contra dengue inclui decidir quais serão os grupos prioritários a receber a imunização, segundo o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho. “Assim que a vacina começar a ser produzida, provavelmente não será possível vacinar toda a população imediatamente”, adianta ele. Por isso, o Ministério avaliará quais regiões, faixas etárias e grupos populacionais deverão ser considerados prioritários.
O Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz participarão da reunião do dia 26, na qual apresentarão detalhes sobre a evolução de suas pesquisas. Mas, atualmente, a iniciativa mais avançada é a do laboratório francês Sanofi Pasteur, que iniciou em agosto a última fase de testes no Brasil, em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo(Ufes), como noticiou à época o JT. A empresa prevê o lançamento da vacina para 2014.
O Ministério da Saúde, segundo Coelho, tem boas expectativas quanto aos estudos nacionais, mas adotará a vacina que for lançada primeiro no mercado – provavelmente a da Sanofi Pasteur. “A introdução da vacina é um processo complexo. Por isso faremos uma revisão sistemática de toda a informação sobre a dengue no País”, diz.
A Sanofi Pasteur passou a testar sua vacina nos brasileiros em agosto de 2010, para avaliar a segurança do produto. Na ocasião, receberam a imunização 150 pessoas de 9 a 16 anos de Vitória, no Espírito Santo. Em agosto deste ano começou a última fase da pesquisa, desta vez para verificar se a vacina realmente confere imunidade contra a dengue. Os testes foram iniciados novamente em Vitória, com 750 voluntários. Outras quatro capitais (Campo Grande, Fortaleza, Natal e Goiânia) se preparam para aplicar os testes, totalizando 3,7 mil voluntários.
O estudo da Sanofi não se limita ao Brasil. Ao todo, 45 mil participantes devem receber a vacina em 15 países da América Latina e Ásia. Segundo o diretor regional de pesquisa e desenvolvimento da Sanofi Pasteur, Pedro Garbes, a expectativa é que a vacina atinja uma eficácia de 70% após a aplicação de três doses. O principal desafio é conferir imunidade contra os 4 sorotipos do vírus.
O médico Reynaldo Dietze, diretor do Núcleo de Doenças Infecciosas da Ufes, afirma que todos os voluntários são monitorados durante vários anos após a aplicação da vacina para verificar se houve efeitos colaterais e por quanto tempo os anticorpos continuam ativos no organismo do paciente.
“Risco de epidemia no verão é grande”
Para os próximos meses, a preocupação com relação à dengue tem a ver com a volta ao País do tipo 4 do vírus responsável pela doença. “A maioria da população não tem imunidade contra esse vírus, por isso há grande risco de epidemia no próximo verão”, diz o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho.
Em 2011 o cenário da doença no Brasil foi animador, com redução de 24% dos casos notificados em comparação ao mesmo período de 2010. De acordo com o Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), foram 721.546 casos até o dia 1.º de outubro, em comparação com 944.662 casos entre janeiro e outubro de 2010.
Também houve uma redução de 40% nos casos graves e 25% nos óbitos. “É um fato animador e a gente espera que essa redução se dê de forma sustentável”, diz Coelho.
Na semana passada, o Ministério da Saúde anunciou uma série de medidas para enfrentar a doença, entre elas o aumento de 20% no repasse de recursos para combate à dengue em cidades consideradas prioritárias.
No início do mês, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo também anunciou medidas antidengue – entre elas o “treinamento express” de funcionários dos serviços de saúde , com aulas compactas, de 15 minutos, em 67 cidades de risco alto para a dengue. Além disso, 700 profissionais da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) serão destacados para acompanhar as visitas dos agentes municipais em busca de criadouros.
Arma transgênica
Em Juazeiro, na Bahia, um projeto científico com mosquitos de laboratório tem sido testado desde fevereiro. O objetivo é avaliar o comportamento do mosquito no meio ambiente, a distância que percorre e a capacidade de sobrevivência. A partir dos resultados, a técnica poderá ser expandida para todo o País.
A espécie transgênica produz filhotes que morrem antes de chegar à vida adulta. Na prática, a ciência patrocina o cruzamento entre os mosquitos, gerando filhotes incapazes de espalhar a dengue. Liberado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança em dezembro, o trabalho em campo deverá terminar em 2012. O local da experiência foi escolhido pela proximidade com a Biofábrica Moscamed, entidade que já produzia moscas estéreis.
Fonte:Jornal o estado de São Paulo-MARIANA LENHARO

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