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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

DESAFIO IMPORTANTE PARA A ODONTOLOGIA

A ESTERILIZAÇÃO DAS PEÇAS DE MÃO NA PRÁTICA ODONTOLÓGICA.


INTRODUÇÃO
O tema biossegurança é fundamental nos dias atuais, mas essa preocupação existe desde a antiguidade. As formas de disseminação e controle das doenças sempre foi um desafio para as ciências e medicina. Os microorganismos causadores das infecções existem e proliferam no meio ambiente muito antes do surgimento do ser humano.[7] No exercício da profissão odontológica, uma série de microrganismos infecciosos pode ser transmitida para pacientes e profissionais(4).
Nos procedimentos clínicos em odontologia, o uso dos instrumentos rotatórios e ultra-sônicos favorece a ocorrência de respingos e formação de aerossol. [3].
De todos os artigos utilizados na prática odontológica, talvez aquele que apresenta a maior dificuldade para ser reprocessado adequadamente seja a caneta de alta rotação.[2]., pois não podem ser desmontadas para serem limpas e esterilizadas.
Dois fatores favorecem a adesão de microrganismos nas partes internas da caneta. Por ter complexo design e alta velocidade de rotação, sangue, saliva e debris de tecido dentário e restaurações podem entrar no seu mecanismo. Estando contaminados por microrganismos, esses podem ficar retidos e serem transferidos para os pacientes subseqüentes[5][6]. O outro fator relevante é a possibilidade de retração de fluidos contaminados quando a rotação é cessada.
Com a evolução tecnológica dos equipamentos odontológicos paradoxalmente, houve um aumento do risco de contaminação cruzada. A introdução de canetas com motor mecânico na década de 20 em substituição às acionadas por pedal aumentou a geração de aerossóis e conseqüentemente em 1931, foi verificada que a incidência de infecções transmitidas por vias aéreas superiores era maior na prática odontológica. As canetas com motor de alta rotação, introduzidas na década de 50, aumentaram ainda mais a aerossolização  [4]
Havia a recomendação de desinfecção das peças de mão, devido a não resistência das mesmas ao processo de esterilização pelo calor, no entanto esse procedimento não garante que o artigo esteja seguro para utilização no paciente, pois é realizada somente na parte externa das mesmas.[8][10].

A literatura, de uma forma geral, sempre que aborda aspectos do reprocessamento de materiais utilizados na cavidade bucal, acaba preconizando o máximo rigor, ou seja, a esterilização. Isto se justifica pela particularidade da prática odontológica onde é difícil garantir que um artigo semi-crítico ou até não crítico, não venha a se transformar em crítico durante o procedimento [7]
Desde 1993, o CDC (Center of Disease Control) publicou recomendações para o controle de infecção em Odontologia, entre elas, a autoclavação das peças de mão e a incorporação de válvulas anti-refluxo para prevenir a aspiração de material orgânico.[6]
Também recomendou o acionamento do sistema para liberação de água após o uso para lavagem das tubulações internas do equipamento.
   Estudos sobre canetas de alta rotação têm confirmado o potencial de retração de fluidos bucais para os seus compartimentos internos. Esses fluidos podem ser expelidos na cavidade bucal durante o uso subseqüente da caneta de alta rotação. [8]. Diante disto é essencial que todo o conjunto seja adequadamente limpo e esterilizado antes de ser reutilizado.[3]
A contaminação das tubulações de água pode se dar pela aspiração de fluidos bucais, resultantes de uma pressão negativa de alguns sistemas do equipamento odontológico, no momento da desaceleração dos motores .
Os microrganismos podem multiplicar-se e ser isolados, tanto livres (planctônicos), na luz das tubulações ou formando biofilmes aderidos às paredes internas. Têm sido freqüentemente isoladas bactérias do gênero Pseudomonas, Legionella, Mycobacterium, dentre outras[10]

Bactérias oportunistas como Legionella pneumophilla (responsável por um subtipo de pneumonia) e Pseudomonas aeruginosa podem estar presentes na água utilizada no tratamento intra-oral podendo gerar contaminação cruzada,principalmente em imunodeficientes[5]
Fatores como número de colônias de microorganismos e tempo de contato com o agente esterilizante influenciam na eficácia no processo de esterilização.
Quanto maior a quantidade de microorganismos presentes na superfície a ser esterilizada, maior o tempo necessário para eliminação dos mesmos. Por esse motivo é imprescindível que o material que será submetido ao processo de esterilização esteja livre de sujidades, ou seja, devidamente limpo.[3]
O biofilme, comprovadamente, dificulta a penetração do agente esterilizante. A limpeza adequada das tubulações internas das peças de mão representa um desafio para o processamento.
A forma esporulada dos microorganismos dificulta a penetração dos agentes anti-microbianos e a utilização de métodos de desinfecção e esterilização não adequados, podem originar cepas resistentes.[3]
  No Brasil a esterilização de canetas de alta rotação segue as recomendações de seus fabricantes, que por sua vez são normatizados pela NBR ISSO 7785-1 Associação Brasileira de Normas Técnicas(1999), de peças de mão odontológicas. A NBR ISSO 13402:1997 normatiza os instrumentos cirúrgicos e odontológicos determinando a resistência à esterilização em autoclave e à exposição térmica. O item 5, da norma “requisitos concernentes aos materiais de fabricação das peças de mão”, determina que todos os materiais usados na sua construção sejam adequados ao uso destinado e devem ser resistentes às operações de limpeza, desinfecção e esterilização, como indicado pelo fabricante.[3]
 A descontaminação não significa que o material está seguro para utilização para a utilização no paciente uma vez que estes procedimentos compreendem desde a simples limpeza até processos de desinfecção e esterilização.[9].
O reprocessamento seguro da caneta de alta rotação apresenta-se como um dos grandes desafios para o controle de infecção na prática odontológica.  Muitos obstáculos ainda devem ser superados, entre eles a resistência dos profissionais a adotarem essa prática.
Outro problema comumente relatado é que a esterilização pode danificar as canetas,encurtando sua vida útil. Fabricantes afirmam que se o preparo adequado e a lubrificação forem seguidos, as canetas suportarão em média 1.300 a 1500 ciclos de esterilização, antes da necessidade de reparo. Isso equaciona seis a oito meses de uso, se uma caneta for esterilizada oito vezes ao dia..


Processamento das canetas


Quanto as peças de mão, usadas em odontologia, o processamento deve seguir as orientações do fabricante pois as causas mais comuns de danos são provenientes de falhas ás recomendações. As etapas do processamento devem ser aplicadas, de modo a garantir um ótimo resultado final, que é um material esterilizado e seguro para ser utilizado.
A limpeza externa e interna é essencial para que isso aconteça. Se houver sujidade tenha certeza de que seu material, mesmo sendo autoclavado, não estará estéril. A esterilização das peças de mão entre pacientes representa segurança no atendimento e deve ser incorporada à prática clínica.[Manual ANVISA-2006].


Referencias Bibliográficas:

1.Cavalcante NJF, Pereira NA. Saúde ocupacional. In: Fernandes AT,Fernandes MOV, Ribeiro Filho N. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. São Paulo (SP): Atheneu; 2000. p. 1287-300.
2..Ministério da Saúde. Controle de infecções e a prática odontológica em tempos da AIDS. Brasília (Brasil): Ministério da Saúde; 2000. 118

3. 6.Graziano RW. Anti-sepsia na prática odontológica.In: Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. Controle de Infecção na Prática Odontológica. São Paulo, 2000. p. 28.
4. 2.Cottone JÁ, Young JM. Dental Handpieces: Maintenance and Sterilization. In: Cottone JA, Terezhalmy GT, Molinari JA. Pratical infection control in dentistry. 2 ed. Philadelphia : WILLIANS & WILKINS; 1996. cap. 11, p.176-178

5.Bittencourt EI, Nohama P, Costa LM.D, De Souza HPHM. Avaliação da Contaminação das Canetas de Alta Rotação na Clínica Odontológica. REV ABO Nac . 2003; 11 (2): 92-98

6. 10.Manual da ANVISA-Serviços Odontológicos Prevenção e Controle de Risco, 2006

7.Graziano KU. Processos de Limpeza, desinfecção e esterilização dos artigos odonto-médico-hospitalares e cuidados com o ambiente em Centro Cirúrgico. in: Lacerda R. Controle de Infecção em Centro Cirúrgico. São Paulo; Atheneu 2000.
8.Centers for Diseases Control and Prevention –CDC. Guidelines for Infection in Dental Health Care Settings. MMWR Dez, 2003.
9. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISSO – 7785-1: Peças de mão odontológicas. Parte 1: Turbinas de ar de alta rotação, 1999(prioridade sobre as normas NBR IEC 601-1 e NBR ISSO 13402, 1997). Rio de Janeiro. 6p.

10. 1.Miller C, Sheldrake M. Sterilizing the internal lines of high speed dental handpieces. Transmission. 7th ed. Philadelphia: Lea & Febiger; 1992.







Texto elaborado por:

Prof.Angela Maria Aly Cecílio

Prof.Yara Yatiyo Yassuda






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