Total de visualizações de página

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Terapia de emergência antiaids não desestimula prevenção....


Terapia de emergência antiaids não desestimula prevenção, diz ministério

Em dez meses, cerca de 700 brasileiros fizeram uso de antirretrovirais para evitar infecção pelo HIV após terem feito sexo sem preservativo; segundo Ministério da Saúde

O uso de antirretrovirais depois de uma relação sexual considerada de risco, um tratamento de emergência para evitar a infecção pelo HIV, foi adotado por cerca de 700 brasileiros nos últimos dez meses.

Lançada depois da recomendação de especialistas, a princípio a estratégia provocou receio de parte de médicos, que acreditavam que a oferta de medicamentos poderia levar a população a relaxar no uso de preservativos. Algo que, de acordo com Ministério da Saúde, não ocorreu.

"As pessoas percebem que não se trata de uma simples pílula do dia seguinte", afirma a infectologista do Centro de Referência e Treinamento em DST-Aids de São Paulo, Denise Lotufo.

Feita com 3 medicamentos durante 28 dias, a terapia pós-exposição, como é chamada, provoca efeitos colaterais e somente pode ser indicada por médicos. Ela é recomendada para pessoas que tiveram relações sexuais desprotegidas com portadores de HIV ou pertencentes a grupos de risco: homens que fazem sexo com homens, usuários de drogas e profissionais do sexo.

Infectologista do Departamento de DST-Aids e Hepatites Virais do ministério, Ronaldo Hallal assegura que não há relatos de pessoas que seguidamente batem às portas dos serviços de urgência em busca do tratamento. Além de não incentivar o abandono do preservativo, ele conta que a oferta da terapia atua até como reforço da prevenção. "Ela facilita o contato dos profissionais de saúde com a população que sempre teve comportamento de risco. As equipes foram preparadas para oferecer teste, dar orientação na tentativa de auxiliar a pessoa a adotar medidas preventivas."

Risco. Mas o presidente do Fórum de Aids de São Paulo, Rodrigo Pinheiro, atribui a procura relativamente pequena à profilaxia pós-exposição ao baixo conhecimento da população e até de profissionais de saúde. "Nem todos sabem que esse recurso está disponível. Temos relatos de pessoas que tiveram o pedido de terapia negado. Nosso receio é de que essa recomendação acabe se transformando em letra morta."

Denise descarta esse risco. Ela afirma que em São Paulo 300 centros oferecem o tratamento. Hallal diz que serviços em todo País estão sendo estruturados e reforça que há registros de oferta de tratamento em todos os Estados. "Nossa preocupação é em não limitar o atendimento à oferta de tratamento." A maior parte dos casos atendidos até agora ocorreu na Região Sudeste.

Das 700 indicações de tratamento, 500 foram feitas neste ano. Agora, o governo se prepara para verificar se, dos pacientes submetidos à terapia pós-exposição, houve algum caso de infecção. A avaliação começa a ser feita depois de outubro, quanto o programa completa um ano.

O uso de remédios antiaids como prevenção para infecção não é novidade. Ele já é usado para evitar a transmissão do vírus da gestante para o bebê e em profissionais de saúde que tiveram acidentalmente contato com sangue. A terapia também é usada na Europa, na Argentina e no México.

Fonte: Lígia Formenti / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

           10 de agosto de 2011 | 0h 00


Nenhum comentário:

Postar um comentário